sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Comando apura porte de arma do oficia da PM suspeito de matar lutador no RN

Por estar afastado, tenente Iranildo Félix não pode portar arma de fogo. O oficial usava colete e pistola em atentado sofrido no último domingo. Felipe Gibson/Do G1 RN

Iranildo Félix usava colete e portava arma em atentado
 (Foto: Divulgação/PM e Reprodução/Inter TV Cabugi)

A Polícia Militar do Rio Grande do Norte abriu sindicância para apurar o porte de arma e uso de colete à prova de bolas do tenente Iranildo Félix, principal suspeito de matar a tiros o professor e lutador de MMA Luiz de França Trindade, de 25 anos, assassinado no último dia 10 na calçada de uma academia na zona Sul de Natal. O coronel Francisco Canindé de Freitas, comandante do Comando do Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE), onde o oficial é lotado, informou ao G1 que a portaria será publicada nesta sexta-feira (21) no Boletim Interno da PM.

O Tenente Iranildo Félix portava uma pistola 380 e usava um colete balístico quando foi vítima de um atentado no último domingo (16). Na ocasião, a ex-mulher dele, Ivânia Bezerra Alves, de 31 anos, que estava com o oficial, foi atingida por vários tiros e morreu. "Por estar de licença médica e afastado do serviço operacional, o policial não poderia estar portando arma de fogo. A questão será apurada em um prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 20 caso seja necessário", explica o coronel Freitas.

O atentado contra o PM e sua ex-mulher aconteceu em uma estrada carroçável em Macaíba, na Grande Natal. O tenente foi baleado na altura do abdômen, mas o disparo atingiu o colete. Após o atentado, tanto o colete quanto a arma, além de 44 munições, foram apreendidos na Delegacia de Plantão da zona Sul.

Escolta policial

A defesa do tenente da Polícia Militar Iranildo Félix quer que ele seja protegido por uma escolta policial. Ao G1, a advogada Brenda Martins afirmou que vai solicitar uma proteção especial para o oficial diretamente ao secretário estadual da Segurança Pública Aldair da Rocha. Ela teme pela vida de Iranildo. O tenente nega qualquer participação no crime.

“Ele está sem proteção nenhuma e já sofreu dois atentados. No lugar da PM oferecer proteção, foram retirados o colete e a arma dele. A Polícia Militar está querendo dar uma resposta à sociedade com a vida do tenente", afirmou Brenda.

A advogada disse que procurou o comando da corporação para solicitar escolta para o tenente, mas o comando teria se recusado a receber o ofício. "Vou procurar o secretário de segurança e vou pedir pessoalmente uma escolta para o tenente”, acrescentou.

O comandante geral da PM, coronel Francisco Araújo, nega ter recebido qualquer ofício da advogada. "Ela não me procurou. Pode ter procurado o comando, que é toda a PM, mas ela não me procurou", afirmou Araújo. "Ele, o tenente Iranildo, me procurou na semana passada querendo uma arma e um colete. Como ele está de licença médica e não pode portar arma de fogo, neguei o pedido", acrescentou o comandante.

Namorada do PM nega envolvimento com o lutador assassinado

A advogada Brenda Martins assumiu a defesa do tenente Iranildo Félix após a advogada Juliana Melo abandonar o caso. Juliana alegou que estava com medo de morrer.

Advogada chega a delegacia com Iranildo e sua
mulher(Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

A primeira vez que Brenda falou em nome do oficial foi na manhã de quarta (19), quando acompanhou Valéria Alexandre Cortês, namorada do tenente, em depoimento à polícia. 

Valéria foi ouvida pelo delegado Sílvio Fernando, que investiga o assassinato do lutador. Por meio da advogada, ela negou que tenha tido qualquer envolvimento com Luiz de França. 

De acordo com o delegado, a possibilidade de o crime ter sido passional é uma das linhas de investigação. A outra possível motivação para o homicídio seria uma desavença entre o PM e o lutador.

"Posso afirmar que não existe nenhuma possibilidade de crime passional, como já foi levantado”, disse a advogada.

Quanto ao eventual desentendimento, Brenda declarou: "O inquérito é inquisitório. Não há absolutamente nada que ligue o meu cliente ou a Valéria ao caso. Nem a arma, nem a roupa. O caso se tornou midiático. Então a polícia está querendo criar um situação onde o Iranildo se torne o suspeito, sob a alegação desse desentendimento entre os dois”.

Advogada diz que PM e namorada dele seriam os alvos do atentado em Macaíba

"Os alvos eram o tenente Iranildo e a atual companheira dele. A ex-mulher estava no lugar errado na hora errada". A afirmação é da advogada Brenda Martins. Segundo ela, o atentado que aconteceu no domingo (16) em Macaíba, e que terminou com a morte da estudante de Direito Izânia Maria Bezerra Alves, de 31 anos, tinha como alvo o oficial e a atual companheira dele, Valéria Alexandre Cortês. 

Brenda acompanhou o casal nesta quarta-feira (19) durante depoimento que Valéria prestou à polícia na Delegacia de Macaíba. Ao deixar a delegacia, a advogada explicou que o tenente apenas acompanhou a namorada. “Estivemos apenas acompanhando a Valéria em seu depoimento. Ela e o meu cliente eram os alvos. A Izânia estava no local errado na hora errada", declarou.

Professor e lutador de MMA Luiz de França
(Foto: Luiz de França/Arquivo pessoal)

A morte do lutador

Luiz de França Trindade foi assassinado a tiros por volta das 9h do dia 10 deste mês na calçada da academia Alta Performance, que fica na rua Serra da Jurema, no conjunto Cidade Satélite, Zona sul de Natal. O lutador levou vários disparos de pistola e morreu no local.

O professor de artes marciais Ademir Júnior, conhecido como 'Júnior Sustagen', também foi baleado na perna, mas passa bem. Em entrevista exclusiva ao G1, o professor disse que teve sorte de não ter se ferido gravemente e pediu justiça.

Segundo testemunhas, o suspeito de efetuar os disparos fugiu numa moto acompanhado de outro homem. O tenente Iranildo Félix nega qualquer envolvimento no crime.

Izânia Bezerra, de 31 anos, ex-mulher do tenente
Iranildo Félix (Foto: Arquivo pessoal)

A morte da ex-mulher do PM

Izânia Maria Bezerra Alves, ex-mulher do tenente Iranildo Félix, foi morta com quatro tiros no início da tarde do último domingo (17) em uma estrada carroçável de Macaíba, na Grande Natal. Os suspeitos, até o momento, são dois homens não identificados que teriam mandado o tenente parar o carro e depois anunciaram o assalto. Na ocasião, houve uma troca de tiros, já que o tenente estava armado e reagiu. O tenente Iranildo Félix também foi atingido, mas os tiros acertaram o colete a prova de balas que ele usava. A ex-mulher levou um tiro no pescoço, um no rosto e dois na cabeça.

Segundo parentes da vítima, Izânia Maria Bezerra Alves era estudante de Direito e fazia estágio no Fórum de Macaíba. Ao tomar conhecimento, do ocorrido, a advogada Juliana Melo, que até então defendia Iranildo, anunciou que estava deixando o caso. "Temo pela minha vida. Não vou mais ficar com o caso", revelou ao G1.

O delegado Normando Feitosa confirmou também que o tenente deve ser indiciado por porte ilegal de arma de fogo, já que ele encontra-se de licença médica e não poderia portar nenhuma arma. O colete balístico que Iranildo usava, uma pistola calibre 380 e 44 munições foram apreendidos ainda na noite do domingo, logo após ele ser liberado do hospital. O material foi recolhido quando o oficial foi à Delegacia de Plantão da zona Sul de Natal prestar depoimento.

Trecho do Boletim Geral da PM que trata da licença médica do tenente Iranildo Félix 
(Foto: Reprodução)

O comando da PM disponibilizou o Boletim Geral da corporação (datado de 9 de janeiro deste ano) que trata da licença médica do tenente Iranildo. Nela, é clara a determinação que proíbe o tenente de portar arma de fogo no período em que estiver de licença. Em razão da apreensão da arma do oficial, o coronel Francisco Araújo Silva, comandante geral da corporação, afirmou que a PM irá instaurar uma sindicância para apurar o ocorrido e que o tenente irá responder, administrativamente, por desobediência à norma da corporação.


Tenente da PM Iranildo Félix
(Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)


Segundo atentado

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Na última quarta-feira (12) o PM já teria sofrido um atentado quando deixava o Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), no bairro da Ribeira, onde foi submetido a exame residuográfico para identificar a presença de chumbo nas mãos.

“Tentaram matar ele. Ele contou que foi seguido por dois homens numa moto, que emparelharam com o carro dele. Quando percebeu que o cara de trás colocou a mão na cintura, ele jogou o carro em cima da moto. A moto desviou e foi embora”, relata a advogada. Na ocasião, o tenente solicitou ao comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo Silva uma arma e um colete à prova de balas para se defender.

Araújo informou que uma junta médica afastou Félix das atividades policiais há dez meses, em razão de problemas psicológicos. "O policial foi considerado temporariamente incapaz para o serviço ativo. Ele não pode portar arma de fogo no período em que está afastado", explica o comandante geral da PM. Mesmo afastado, o tenente responde diretamente ao Comando do Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE).

Superdosagem

O comandante geral da PM disse ao G1 que Félix foi socorrido a um hospital particular da cidade após ter ingerido uma alta dosagem de medicamentos. Segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que prestou o socorro, o oficial foi atendido na noite da quarta-feira (12). O Samu não revelou que tipo de medicamento o tenente consumiu, nem deu detalhes sobre o estado de saúde dele.

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