sexta-feira, 24 de junho de 2011

CULTURA - Os melhores filmes brasileiros

Uma revisão crítica trás revelações agradáveis e decepções, mas, quando se trata de cinema brasileiro, o saldo positivo é surpreendentemente satisfatório, entre outras coisas, porque os filmes que antecederam ao Cinema Novo foram vistos pela maioria dos críticos sob a ótica do preconceito temático e subordinados a uma comparação descabida com o cinema estrangeiro.

O próprio cinema dos anos 50 ao optar pela paródia em "Nem Sansão Nem Dalila" e "Matar ou Correr", assumia a impossibilidade que a crítica exigia, mas que o público, acertadamente, aceitava. A comédia carioca, rotulada pejorativamente de "chanchada", foi o gênero mais injustiçado e que na revisão revela as qualidades omitidas ou ignoradas na visão do lançamento.

Em relação à comédia italiana, que entre as estrangeiras é a que mais se aproxima da nossa, a carioca introduziu uma inovação: a música carnavalesca. E, às vezes, o número musical humorístico. Ou ainda a música sertaneja através de Mazzaropi, o melhor dos personagens caipiras.

Se no cinema americano a diversidade humorística era personalizada e a diferença adivinha dos comediantes, entre nós esse diferencial é temático. O humor carioca é completamente diferente do que se vê nos filmes paulistas, como "Uma Pulga na Balança" e "Osso, Amor e Papagaios". É essa diversidade, também extensiva ao cinema urbano, que separa o cinema paulista do carioca, passando pela contribuição nordestina, que não se limita ao gênero do cangaço, que singulariza o cinema brasileiro.

Sem esquecer, igualmente, a importantíssima contribuição individualizada de artistas como Oscarito, Ankito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Zé Trindade, e de cantores sintonizados com a comédia, como o grande Ivon Curi - e, no melodrama, do inexcedível Vicente Celestino.

Apassionata

(1952/SP) - Direção e Produção: Fernando Barros. Roteiro e assistente de direção: Agostinho Martins Pereira. Diálogos: Guilherme de Almeida. Fotografia: Ray Sturges. Música: Enrico Simonetti. Produtora: Vera Cruz.
Elenco: Tônia Carrero, Anselmo Duarte, Alberto Ruschel, Ziembinski, Abílio Pereira de Almeida, Paulo Autran, Jaime Barcellos.

Nadando em dinheiro

(1953/SP). Diretor: Abílio Pereira de Almeida e Carlos Thiré. Argumento original: Abílio Pereira de Almeida. Fotografia: Nigel C. Huke. Música: Radamés Gnatalli. Produtora: Vera Cruz.
Elenco: Mazzaropi, Ludy Veloso, A.C. Carvalho, Nieta Junqueira, Liana Duval, Sérgio Hingst, Nelson Camargo.

Matar ou correr

(1954/RJ). Diretor: Carlos Manga. Produtor: Guido Martinello. Argumento original e Roteiro: Victor Lima e Amleto Daisse. Fotografia: Amleto Daisse. Trilha musical: Lírio Panicalli. Produtora: Atlântida.
Elenco: Oscarito, Grande Otelo, José Lewgoy, Renato restier, John Herbert, Wilson Grey, Wilson Viana, Inalda de Carvalho, Suzy Kirby.

Rio, 40 graus

(1955/RJ). Direção e Roteiro: Nelson Pereira dos Santos. Argumento original: Arnaldo de Farias. Fotografia: Hélio Silva. Música: Cláudio Santoro.
Elenco: Jece Valadão, Glauce Rocha, Roberto Bataglin, Cláudia Moreno, Modesto de Souza, Jackson de Souza, Sady Cabral.

Mulheres e milhões

(1961/RJ). Diretor: Jorge Ileli. Produtor: Gilberto Perrone. Argumento original: Jorge Dória. Diálogos: Nélson Rodrigues. Fotografia: Rudolph Icsey. Música: Enrico Simonetti. Produtora: Inbracine.
Elenco: Norma Bengell, Odete Lara, Jece Valadão, Luigi Picchi, Glauce Rocha, Aurélio Teixeira, José Mauro de Vasconcelos, Mário Benvenutti.

Lampião, rei do cangaço

(1962/SP). Direção e Roteiro: Carlos Coimbra. Adaptação dos Livros "Lampião, o Rei do Cangaço", de Eduardo Barbosa, e "Capitão Virgulino Lampião", de Nertan Macedo. Fotografia (em Eastmancolor): Tony Rabatohi. Trilha Musical: Gabriel Migliori.
Elenco: Leonardo Villar, Milton Ribeiro, Dionísio Azevedo, Glória Menezes, Geraldo Del Rey, Antonio Pitanga, Vanja Orico, Sadi Cabral.

O pagador de promessas

(1962/SP). Direção e Roteiro: Anselmo Duarte. Adaptação da peça homônima de Dias Gomes. Fotografia: H.C. Fowle. Música: Gabriel Migliori.
Elenco: Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Norma Benguel, Othon Bastos, Antônio (Pitanga) Sampaio, Roberto Ferreira.

Por:

Valério Andrade
crítico de Cinema (Publicado em Tribuna do Norte)

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