segunda-feira, 29 de abril de 2013

INUSITADO

Corpo de mãe de Presidiário
 é velado no Presídio de Alcaçuz

O Presidiário Severino Simão que não via sua mãe há 14 anos vela o corpo de sua genitora no presídio 
Alcaçuz ao cemitério por não ter escolta para levá-lo ao cemitério então a juíza autorizou que o corpo de Maria das Graças fosse ao presídio.

Do G1 RN

Preso há 14 anos, Severino dos Ramos Feliciano Simão, de 33 anos, velou o corpo de sua própria mãe neste domingo (28) dentro do Pavilhão 5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior unidade prisional do RN.

O fato, classificado como 'inusitado' pela defesa do detento, aconteceu porque a direção do presídio não disponibilizou agentes penitenciários para a escolta do presidiário ao cemitério. “Os agentes não tinham como levar ele ao velório. Então a família levou o corpo até a prisão”, disse Milena Gama, uma das advogadas de Severino.

A entrada do corpo de Maria das Graças na penitenciária foi autorizada pela juíza Flávia Sousa Dantas Pinto. O diretor do Pavilhão 5, Adalberto Linhares, cumpriu a decisão, mas não permitiu que fossem feitas imagens do velório, pois não foi liberada a entrada de câmeras fotográficas, de vídeo ou aparelhos celulares. “O preso foi tirado da cela e velou o corpo da mãe por aproximadamente 10 minutos”, contou.

O corpo de Maria, de acordo com a advogada, chegou a Alcaçuz acompanhado da esposa do preso e outros familiares. “Severino se emocionou porque não via a mãe desde que foi preso, há 14 anos. Ela não queria vê-lo naquela situação”, relatou Milena Gama. “Ele ganhará progressão de pena (do regime fechado para o semiaberto) ainda neste ano. Mas, infelizmente, ela morreu antes disso”.

Segundo Milena, Maria das Graças da Luz, de 49 anos, morreu no sábado (27) por causa de traumatismos decorrentes de uma queda. “Nós demos entrada com um requerimento pedindo uma autorização para que ele saísse da penitenciária para ver a mãe”, explicou a advogada. “Também sugerimos que se ele não pudesse sair, que o corpo pudesse entrar lá”, completou.

Caso parecido:

No dia 6 de outubro de 2012, um velório semelhante aconteceu dentro de outro presídio potiguar. Foi em Caicó, que fica a 263 quilômetros de Natal. Diferença é que, ao invés de o corpo da mãe ser levado para o local onde filho estava preso, o corpo do filho foi levado para o presídio onde a mãe estava detida.

O velório aconteceu dentro da Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. Lá, a mãe e as irmãs de Valdigley Souza do Nascimento receberam o corpo dele para a última despedida. Gueguê, como era conhecido Valdigley, também era presidiário.

Ele cumpria pena por assaltos e tráfico de drogas na penitenciária de Alcaçuz. Ele e outros dois presidiários tentaram fugir, mas tiveram a fuga abortada por policiais militares. Os dois comparsas de Gueguê foram recapturados. Ele, acabou atingido por um tiro de fuzil no peito e morreu.

A mãe a as irmãs haviam solicitado permissão de irem velar o corpo do parente na casa delas, o que foi negado. Com o não atendimento, colegas das detentas chegaram a atear fogo em colchões dentro da unidade prisional. A situação só foi contornada após o juiz Criminal deCaicó, Luiz Cândido Villaça, autorizar a ida do corpo ao presídio. O cadáver foi velado por cerca de 10 minutos, sendo levado para sepultamento em seguida.

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