terça-feira, 21 de agosto de 2012

POR PORTAL BO

Candidatura do cabo Jeoás
vira notícia nacional

Um dos líderes do movimento grevista realizado na Bahia por policiais militares, que se tornou símbolo no Brasil, no início deste ano, o cabo Jeoás Nascimento, lotado nos quadros da PM do Rio Grande do Norte, ganhou destaque na imprensa nacional, neste fim de semana. O policial, que chegou a ficar preso 40 dias, é candidato a vereador em Natal.

Por esse motivo, o Portal UOL divulgou uma reportagem especial sobre sua candidatura.

Sob o título Após liderar greve da PM na Bahia, cabo disputa vaga de vereador em Natal, a matéria conta a história do cabo Jeoás e sua trajetória de envolvimento com as lutas pelos policiais militares.

O cabo Jeoás Nascimento é candidato a vereador pelo PC do B e concorre com o número 65.190.

POR PORTAL UOL

Após liderar greve da PM na Bahia,
cabo disputa vaga de vereador em Natal


Jeoás Nascimento dos Santos ou simplesmente Cabo Jeoás (PC do B). Para muitos, o nome do candidato a vereador em Natal pode passar despercebido, mas trata-se de um dos 12 policiais militares líderes da greve da categoria na Bahia, ocorrida em fevereiro deste ano.

À esq., o Cabo Jeoás participa de evento de campanha; à dir., ele beija a barriga da mulher ao ser preso

Por conta da participação no movimento, o praça ficou preso por 40 dias acusado de depredação do patrimônio público e formação de quadrilha durante.

O processo contra Jeoás ainda será julgado. A Justiça Militar remeteu o processo para Justiça Federal por se julgar incompetente já que o movimento grevista foi nacional.

Segundo Jeoás, não só ele, mas a maioria dos líderes do movimento --representantes de diversos Estados-- está inserida de alguma forma na campanha política deste ano.
“Nós, policiais do Rio Grande do Norte, elegemos desde 2008 alguém da tropa para nos representar no poder, mas, infelizmente, estas pessoas até agora não fizeram o que prometeram e imaginávamos que seria feito. Foi então que, após a greve, depois de muitas conversas, o meu nome surgiu como representante da tropa”, afirma.

Em maio deste ano, Jeoás procurou o PT para filiar-se e candidatar-se pelo partido, mas devido a problemas com relação ao número de campanha, acabou ficando com o PC do B.

“Eu não podia deixar de ter como registro de candidatura um número que levasse o 190 que marca a tropa e remete facilmente para alguém que veio ou é da polícia, mas o PT naquele momento não podia me oferecer isso, o que foi justificável devido ao registro de outros candidatos com quem o partido já havia firmado compromisso antes de o procurarmos”, diz o candidato que concorre com o número 65.190.

Na época da greve dos policiais, Jeoás era presidente da Associação de Cabos e Soldados do Rio Grande do Norte e vice-presidente da Associação Nacional dos Praças. Hoje, está afastado das atividades.

“Agora, é uma questão de mudança de postura. Eu que sempre fui acostumado a militar em grêmios de estudantes e depois passei a ser representante de associação. Se eleito, vou ter que adotar outra postura, outras atitudes”.

Como quase todos os militares que buscam eleger-se este ano, Jeoás quer brigar por melhores salários, pelo plano de carreira dos policiais, melhores condições de trabalho. “Hoje, temos no Rio Grande do Norte um salário-base de R$ 2.200 para o policial e um efetivo que não chega a 12 mil homens. Estamos com um deficit de dois mil policiais e a violência está aumentando”, frisou.

Questionado se em algum momento ele se arrependeu do caminho tomada na greve da Bahia, Jeoás diz que não e afirma que, se necessário for, fará tudo novamente. “Eu era um dos representantes nacional da categoria. Nós estávamos ali brigando por algo que já é nosso, brigando pelo que já consta em um projeto de lei que é de 2001.

É por isso que em reuniões de associações de policiais sempre citamos a necessidade de termos representantes na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa e até na Câmara Federal. Essa é uma postura que deveria ser adotada pela categoria em todos os Estados, a exemplo do que o Espirito Santo, por exemplo, já vem costurando.”

Segundo Jeoás, nestas mesmas reuniões ele colocou seu nome à disposição da categoria para as eleições de 2014, quando serão escolhidos deputados estaduais e federais.

Aos 32 anos e pai de uma menina de dois meses, Jeoás lembrou o episódio no qual a mulher dele foi pedir no Congresso Nacional, em Brasília, por sua liberação. “Ela estava grávida, mas tudo isso que aconteceu serviu para nos unir ainda mais”.

Além de Jeoás, há outros 13 candidatos que carregam a “bandeira da segurança pública” disputando as 29 vagas na Câmara Municipal de Natal. Entre eles, há dois civis, dois policiais civis e um bombeiro. Os outros oito são PMs.

“Sabemos que os votos ficarão divididos agora, mas pelo menos daqui a dois anos, a proposta é escolher apenas um representante nosso”, acrescentou.

A greve e a prisão

Após encaminhar-se para a Bahia e tornar-se um dos 12 líderes do movimento grevista que gerou repercussão nacional, Jeoás recebeu ordem de prisão do Tribunal de Justiça do Estado. Ele e os outros policiais que encabeçavam o movimento foram acusados de formação de quadrilha e de depredação ao patrimônio público. O praça chegou a ser considerado foragido da Justiça até se apresentar no dia 14 de fevereiro ao Quartel do Comando Geral da PM, em Natal. O movimento durou 12 dias.

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