quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A CORPORAÇÃO TEM QUE PARAR
DE FUNCIONAR NA BASE DA GAMBIARRA",
AFIRMA PROMOTOR DO RN

Está programada para a próxima semana a conclusão do inquérito conduzido pelo Ministério Público Estadual em decorrência da Operação Batalhão Mall. Com o término das investigações, os promotores poderão denunciar ou não os 12 policiais militares e outros três empresários presos no início do mês de julho. O MP alertou que as denúncias de corrupção a serem encaminhadas à Justiça podem também incluir pessoas que não foram detidas inicialmente, mas que tiveram a participação comprovada ao longo do inquérito.

Ontem, um dos últimos documentos requisitados foi entregue aos responsáveis pela condução da investigação. Trata-se de papéis do banco Bradesco, cuja relação com o inquérito não foi esclarecida à reportagem. "Com o término do inquérito, existe a possibilidade de apenas uma parte ser denunciada pelos crimes investigados. Assim como, pessoas que sequer chegaram a ser presas também pode ser responsabilizadas pelos delitos apontados", afirmou o promotor de Justiça de Investigação Criminal, Wendell Bethoven Ribeiro Agra.

Apesar de as denúncias estarem próximas de ocorrer, o promotor Wendell Bethoven descartou a possibilidade da realização de novas prisões a curto prazo no caso. Segundo ele, a possibilidade de detenção existe após o julgamento ou se houver qualquer tentativa de prejuízo ao processo por parte dos envolvidos.

"Como não são crimes que envolvem violência, não se justifica a prisão cautelar dos suspeitos. Eles responderão ao processo em liberdade", informou o promotor. Na oportunidade foram detidos o então comandante do 10º Batalhão da PM, em Assú, coronel Wellington Arcanjo de Morais, e o ex-sub comandante, major Alberto Gomes, além de outros 10 praças da Corporação.

Os empresários do ramo de posto de combustíveis, Rodolfo Fagundes de Albuquerque e Erinaldo Medeiros de Oliveira, e o sócio da rede Nossa Agência, Pedro Gonçalves, também foram presos.

Menos de duas semanas depois, porém, todos ganharam a liberdade através de habeas corpus e revogações das prisões pedidas pelo próprio MP, que já não considerava necessária a reclusão. Para o promotor Bethoven, a prisão preventiva não pode ser encarada como uma antecipação da condenação. "Pelo tipo de crime que são investigados, não havia como mantê-los presos. Em alguns dos casos, nós mesmos pedimos essa liberdade para os policiais", disse.

Novas denúncias surgem após Operação do MP

O Ministério Público Estadual já planeja investigar outras cidades do Estado na qual a Polícia Militar é suspeita de agir da mesma forma que supostamente agia em Assú. Lá, a Operação "Batalhão Mall" teve o objetivo de desarticular organização criminosa responsável pelo cometimento reiterado de crimes de corrupção ativa, passiva e peculato contra a Administração Pública Militar, através de negociatas com pontos bases de viaturas e vendas do serviço policial.

De acordo com o promotor Wendell Bethoven, a partir de tal operação, o MP já recebeu várias informações que podem dar início a outros inquéritos no interior do Rio Grande do Norte. "Percebemos que por conta própria a Corporação já começou a investigar irregularidades. Alguns comandantes da PM no interior já instauraram sindicâncias".

Em Currais Novos, por exemplo, o comandante da 3ª Companhia Independente da PM, major Francisco Edilson Fernandes, já declarou que a situação tornou-se precária após o encerramento dos "convênios não-legalizados". Em entrevista durante o final da semana passada ao canal da cidade, Sidys TV, o major denuncia a situação em que vive.

"Quando a gente chegou aqui, já vinha passando dificuldade financeira porque não tínhamos verba própria. O que tínhamos: o banco nos ajudava com o convênio que havia. Depois que houve o problema lá em Assú, os bancos e nós mesmos ficamos pensando, porque não é uma questão legalizada. Teria que ser legalizada. Temos uma dificuldade grande e isso já começou a refletir na cidade", informou.

O major diz que já tomou a decisão de pedir exoneração do cargo e deixar a cidade em virtude dos problemas financeiros potencializados em conseqüência da Operação Batalhão Mall. A reportagem tentou contato com o oficial durante o dia de ontem, mas não houve retorno aos telefonemas realizados.

O promotor de Justiça, Wendell Bethoven Ribeiro Agra, é enfático ao criticar a estrutura da PM vista no interior do Estado.

"A Polícia Militar não pode precisar de donativos como esse, que funcionam como esmola. Isso só demonstra a fragilidade do sistema de segurança, sem logística, que chegar a pedir alimentação. Os policiais não podem se sujeitar e se tornarem pedintes. A Corporação tem que parar de funcionar na base da gambiarra", declarou.

FONTE: Tribuna do Norte

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