sábado, 24 de abril de 2010

Durante assalto, mulher é arrastada presa ao cinto de segurança do carro

Ao longo de 100 metros, a morte estava lá, bem perto. Dessa vez, a vítima era uma médica, 40 anos, recém-saída de um plantão cumprido madrugada adentro, ocupada na tarefa de salvar vidas. Por muito pouco a violência urbana não ocasionou mais uma morte durante um assalto no Recife. A médica, que pede para não ter o nome divulgado, escapou com arranhões no corpo todo, mas viva.

Assim como o garoto João Hélio, arrastado do lado de fora do carro e preso ao cinto de segurança durante um assalto no Rio de Janeiro em 2007, a médica pernambucana viveu a mesma cena de pânico em uma rua do bairro da Madalena, um dos mais nobres da cidade. O susto ainda não permite que ela explique como se livrou do cinto e da morte após dois minutos de terror. As cenas chocantes foram gravadas pelas câmeras do prédio Imperial Park, onde mora, na Rua Altinho.
Por volta das 5h30 de ontem, a médica chegava do plantão em seu carro, um Polo sedan, de placa KJZ-7047. Na frente da garagem do prédio onde mora com o marido, um vendedor de 40 anos, ela esperava o portão abrir. Pretendia descansar. De repente, um homem branco, alto e bem vestido bate no vidro do carro, como se quisesse uma informação. Sem qualquer desconfiança, a médica abre o vidro e é surpreendida por uma ordem: "Desça, desça".

Nervosa, ela engata a marcha a ré no carro na tentativa de escapar do assalto. O homem insiste, a puxa do banco, entra no carro e dirige com a porta aberta, arrastando a vítima pelo asfalto. Algumas pessoas, que perceberam o que estava acontecendo, ainda tentaram ajudar a médica, gritando e jogando pedras. O desconhecido fugiu levando o carro. A mulher, não se sabe como, soltou-se do cinto 100 metros depois. A médica passou a manhã na emergência do Hospital Santa Joana, no Derby. No início da tarde, recebeu alta. Apesar das escoriações por todo o corpo, ela não teve fraturas. Queixava-se de dor e esperava apenas descansar.

Pistas - As cenas gravadas pelo sistema de câmeras do prédio mostram o momento em que o assaltante se aproxima, vestido de preto. As imagens também mostram a porta do veículo aberta e os transeuntes tentando ajudar, jogando pedras e gritando. Apesar da violência do assalto, o marido da médica, que pediu para ser identificado apenas como Marcelo, disse que chamou a Polícia Militar pelo número 190 e até o final da manhã não tinha sido atendido.

O diretor do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais, Antônio Barros, assumiu as investigações do caso. Ontem, uma equipe de policiais foi enviada ao endereço da vítima. No local, pegaram depoimentos, as imagens gravadas e fizeram diligências em busca do acusado. Até o final da tarde, o carro ainda não havia sido localizado.

O caso da médica lembrou de imediato a morte do menino João Hélio, que chocou o país. Aos seis anos, ele era estudante da pré-escola e morreu após ser arrastado por assaltantes, da mesma forma que a médica, pelas ruas do Rio de Janeiro. O carro em que ele viajava com a mãe foi assaltado. O veículo foi abandonado em seguida, repleto de marcas de sangue da criança.

Da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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