sábado, 4 de junho de 2011

NA ÍNTEGRA- Bombeiros presos
 protestam  e enfrentam humilhações


Oficiais do Corpo de Bombeiros realizam
 manifestação na tarde deste sábado

Bombeiros realizam manifestação após entrevista coletiva
 do governador do Rio, Sérgio Cabral

'Tive que correr como se fosse bandido', diz sargento preso neste sábado (4). Outro diz que cápsulas de fuzil em ação do Bope não são de manifestantes.

Sargento Monteiro é um dos bombeiros presos
após invasão de quartel central no Rio (Foto: Aluizio Freire/G1)

Pelo menos 30 bombeiros que estão sendo ouvidos em uma das salas da Corregedoria da da Polícia Militar, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, continuam a protestar contra a maneira como estão sendo tratados desde que foram presos na manhã deste sábado (4).

"Passei minha vida toda salvando vidas e agora estou me sentindo como se fosse um bandido. Estamos há mais de dez horas sem comer", disse o sargento Monteiro ao G1, pelas grades da janela da sala.

"Minha mulher está grávida, aí fora, nervosa, preocupada comigo. É meu primeiro filho e ela está numa gravidez de risco", afirmou.

"Ficamos encurralados pelos ataques do Bope e do Batalhão de Choque. Tive que correr como se fosse um bandido. Muitas crianças chegaram a ficar sufocadas", disse, também por entre as grades do prédio da Corregedoria da PM.

Mais cedo, o corregedor da Polícia Militar, coronel Ronaldo Menezes, negou maus-tratos aos manifestantes presos, afirmando que os bombeiros estão sendo atendidos com tratamento digno e não estão mais em ônibus e, sim, em salas.

Transferência até domingo

Os 439 bombeiros presos no Rio de Janeiro serão transferidos até a manhã de domingo (5) para uma unidade-escola do Corpo de Bombeiros do estado em Jurujuba, Niterói, segundo o promotor militar Leonardo Cunha, que acompanha o caso.
Por volta das 18h30 deste sábado (4), três carros do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegaram à Corregedoria da Polícia Militar, em São Gonçalo, na região metropolitana, para onde os manifestantes foram levados. A tropa do Bope fará a escolta dos bombeiros no deslocamento aos quartéis onde eles ficarão detidos provisoriamente.

Presos responderão por três crimes

Conforme o promotor, todos os 439 bombeiros presos durante a madrugada após a invasão do Quartel Central, no Centro do Rio, irão responder por três crimes: motim, dano e impedimento ao socorro. Pelo Código Penal Militar, diz o promotor, a pena prevista para o crime de motim é de 4 a 8 anos de prisão. Pelos danos causados no Quartel General durante o protesto, os bombeiros poderão ser condenados ainda a penas de 1 a 6 anos pelo crime de dano. Pelo crime de impedimento ao socorro é prevista a pena de mais 3 a 6 anos de prisão.

Bombeiros do Rio de Janeiro são observados por policiais

Os autos de flagrante dos bombeiros presos serão remetidos à Justiça Militar em até 20 dias. Segundo o promotor, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto para investigar o caso e “muito provavelmente” o Ministério Público irá oferecer denúncia contra os presos.

“Até o momento, não recebemos nenhum pedido de liberdade deles. O MP não tem nada contra manifestação e reivindicação por melhores condições de trabalho, mas devem ser feitas de forma pacífica”, diz o promotor.

Entre os presos há oficiais e praças. Ainda não foi divulgado quais unidades eles integram, mas "são de todo o estado", segundo Cunha.

O comandante do Batalhão de Choque da PM (BPChoque), coronel Waldyr Soares Filho, afirmou na tarde deste sábado (4) que a movimentação dos bombeiros e a invasão do Quartel Central, no Centro do Rio, poderia ser considerado um motim.

Comandante do BPChoque sofreu fratura
no pulso esquerdo e luxação no joelho

Com o pulso esquerdo fraturado e uma luxação no joelho esquerdo, em consequência da invasão do quartel dos bombeiros, o comandante acompanhou o trabalho de qualificação dos bombeiros presos na Corregedoria da PM. À paisana, ele contou como tudo aconteceu.

"Fui empurrado por um dos líderes da invasão. Como era a autoridade de patente mais alta no quartel naquele momento, fui dar voz de prisão a ele. Ele me empurrou, eu tentei agarrá-lo. Ele se desvencilhou de mim, enquanto eu torcia o joelho. Logo depois, ele me empurrou de novo numa escada e, ao cair, quebrei o pulso esquerdo", contou o comandante.

O coronel Waldyr Soares Filho deverá ficar engessado por pelo menos uma semana, até que sejam feitos novos exames para que se constate se houve ou não rompimento de ligamentos.


Bombeiros que invadiram QG da corporação estão presos em Niterói
 (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)

'Meu filho não é bandido', diz mãe de bombeiro preso

Famílias dos bombeiros presos aguardavam durante a tarde uma solução para o caso na porta da Corregedoria da PM. Cerca de 25 pessoas ficam da grade do batalhão tentando ver a movimentação dos filhos e maridos mantidos dentro dos ônibus no pátio da unidade. Um deles conseguiu sair e tranquilizar a mãe, Marilu Fonseca, que ficou muito emocionada.

"Meu filho não é bandido. Tem um monte de gente que faz greve e não é preso. Ele é técnico em raio-x, trabalha na área médica. Ele estava no plantão e depois foi lá para o quartel onde estavam os outros bombeiros. Ele não pode ser tratado como bandido", disse a mulher, bastante emocionada.

Em entrevista coletiva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que os bombeiros que invadiram o quartel Central do Corpo de Bombeiros são "vândalos, irresponsáveis, que não irão de forma alguma prejudicar a imagem de uma instituição tão respeitada e querida pelo povo do Rio de Janeiro."

Sérgio Cabral durante entrevista ao lado do secretário de
Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame

Segundo Cabral, os bombeiros "têm recebido um apoio jamais visto nas últimas quatro décadas. Desde a existência do estado do Rio o Corpo de Bombeiros não vê o número de equipamentos, de condições de trabalho, que recebeu nos últimos 4 anos e 5 meses do nosso governo," garantiu.

Troca de comando nos bombeiros

Após uma manhã de reuniões, o governador anunciou um novo comandante para o Corpo de Bombeiros, o coronel Sérgio Simões assume a corporação no lugar do coronel Pedro Machado. Simões era comandante da Defesa Civil do município. O motivo da substituição, segundo Cabral, foi descontrole hierárquico.

"Não há negociação com vândalos, eu não negocio com vândalos, eles responderão administrativa e criminalmente" pela invasão do quartel Central, garantiu o governador.

Cabral afirmou que há planos de aumento de salários já anunciados para os bombeiros. "Há um programa de incremento salarial aprovado na Alerj, de R$ 2 mil, esse grupo ao final do ano já está atendido. Se não é ideal é o melhor da historia da corporação."

Segundo Mário Sérgio Duarte, comandante-geral da PM, o uso da força não era interesse do governo. "Não nos interessava o uso da força, por isso tivemos uma extensa negociação. (...) Nossa preocupação era muito grande com crianças e mulheres.

Rotina normal

O Comando Geral do Corpo de Bombeiros garantiu no início da manhã que a rotina de atendimento à população do Rio está mantida, apesar das prisões dos bombeiros manifestantes.

Os substitutos dos 439 bombeiros detidos já assumiram seus postos segundo nota da divulgada, e postos de salvamentos dos Grupamentos Marítimos, assim como quartéis, unidades de atendimento de urgências e emergências (SAMU/GSE) e serviços de socorro (combate a incêndios, salvamentos e desabamentos, etc) estão operando normalmente.

Oficiais do Corpo de Bombeiros realizam
 manifestação na tarde deste sábado
FONTE: G1

NOTA DO BLOG: Lamentável! "Polícia Militar contra Polícia Militar".  E o mais revoltante é saber que estes  homens, em  alguns momentos em suas missões cotidianas foram tratados como heróis... Hoje, lamentavelmente estão sendo  vistos como vândalos pelos governantes. O fato é: Simplesmente por  estarem reinvindicando seus direitos salariais.

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